Desenho e corte das peças



Setembro de 2010. O varino Amoroso, do Ecomuseu Municipal, aproveita  a preia-mar para navegar na Baía do Seixal, ressuscitando memórias de um passado recente. No interior do Núcleo Naval, mantendo acesa a tradição deste espaço onde outrora se construíram inúmeras embarcações tradicionais, um grupo de alunos constrói, à escala 1/30, uma das mais belas embarcações tradicionais do Tejo, A Muleta do Seixal. 
Antes de construir um modelo, a leitura dos planos de construção é a primeira barreira que temos que ultrapassar. Em pano de fundo, José Arnedo, aluno do 1º Curso de Iniciação e Desenvolvimento em Modelismo Naval continua às voltas com os planos da Canoa da Picada para tentar pôr um ponto final na sua construção. Em primeiro plano,  Mário Lopes, dá os primeiros passos no sentido de transformar os desenhos em modelo, cortando os gabaritos, previamente plastificados, das balizas da muleta. O Mário desenvolve a sua actividade profissional como consultor informático e divide as suas horas livres entre o curso de modelismo do Ecomuseu Municipal e  o curso de Mestrado  em História da Naútica e Arqueologia Naval, na  Universidade Autónoma. Já publicou artigos sobre a muleta em revistas de natureza científica e está a preparar um trabalho de investigação de fundo sobre esta embarcação. A frequência do curso de modelismo é uma oportunidade para testar na forma de modelo, alguns dos conhecimentos teóricos já obtidos e assimilar pela prática da modelação os rudimentos da construção naval.  
A Margarida Gaia estudou construção naval em Inglaterra e gostaria de exercer a actividade de construtora de embarcações em madeira num registo profissional. É mãe de uma menina  que nasceu no início de Agosto e o modelismo naval é uma excelente oportunidade para ocupar parte do seu tempo e rever alguns dos princípios construtivos anteriormente assimilados ao longo da sua formação.
O Nelson Anjos tem já bastante experiência em modelismo naval, tendo construído vários modelos a partir de caixas de construção após se ter aposentado como engenheiro de máquinas da marinha mercante. O Nelson encontra no modelismo naval a satisfação de actualizar a sua vocação marítima com a quietude e tranquilidade que os dias passados nem sempre permitiam.
O Mário Branco tem uma experiência profissional multifacetada, tendo assumido durante vários anos funções de responsabilidade num importante estaleiro de construção naval da região. Esta é a sua primeira experiência em termos de construção de modelos e uma excelente oportunidade para fazer o contraponto entre a experiência construtiva à escala real e a construção à escala reduzida.
É provável que o percurso pessoal e profissional do João Figueiredo desse para encher várias vidas. Aposentado da vida militar, da política e da gestão empresarial, o João dedica parte do seu tempo livre a cumprir os projectos que a azáfama dos dias passados não o deixou realizar. Entre os vários projectos que o João tem em vista  encontra-se a construção, à escala, da réplica de um grande veleiro. Este curso vem preencher a sua demanda de conhecimentos e possibilita-lhe o treino necessário para empreender qualquer tipo de construção.
O João Ventura é historiador, especializado em museologia e património local. Exerce a sua actividade profissional na Câmara Municipal de Sesimbra onde é técnico superior e responsável pelo futuro Museu do Mar de Sesimbra. Para além desta ser a sua primeira construção de um modelo à escala, para o João este curso é uma excelente oportunidade parar revisitar sob novos horizontes problemáticos as questões decorrentes da sua prática profissional.
O Jorge Rocha é, tanto do ponto de vista profissional, como cívico e pessoal, um Homem do Mar. Oficial de Marinha de Guerra,  dirigente de associações locais ligadas à promoção da prática da náutica nas vertentes modelisticas e  desportivas, o Jorge é também navegador e construtor de modelos nos seus tempos livres. Este curso providencia-lhe um quadro teórico/prático de conhecimentos que podem ser transpostos para as várias dimensões da sua experiência diária.
Traçando os contornos da peça axial no contraplacado marítimo de bétula com 4 mm de espessura, com a ajuda de um gabarito. O gabarito é uma versão dos planos que foi previamente plastificada.
Processo idêntico ao anterior para o desenho das balizas.


Momentos de concentração no desenho das peças, já que sem uma geometrização correcta do casco não é possível realizar convenientemente o modelo.
Desenhos da peça axial, das balizas e alguns reforços da estrutura do modelo.

A serra circular permite separar as secções principais da estrutura da embarcação.


As peças são cuidadosamente recortadas nas serras de rodear seguindo os contornos traçados.


Colocou-se um tambor rotativo no engenho de furar  para aparar os contornos côncavos das peças. As porções rectas e convexas acertam-se na lixadeira estacionária.
Registo de alguma incerteza acerca da probabilidade de conseguir produzir um modelo a partir da estrutura já recortada.

As balizas fixam-se à peça axial. É necessário calibrar convenientemente a largura dos entalhes no pé das balizas e na peça axial.
As balizas da mestra até  à proa, provisoriamente colocadas na peça axial, dão a primeira visão da tridimensionalidade do barco.


As balizas entram nas ranhuras da peça axial. Fixar-se-ão posteriormente com cola epoxi.
Balizas arvoradas sobre a peça axial. As linhas de água servem de referência  para verificar a correcção do alinhamento horizontal da baliza em relação ao solo.
CONTINUA